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jueves, 18 de octubre de 2012

VERGÍLIO ALBERTO VIEIRA (8249)




Vergílio Alberto VIEIRA
Vergílio Alberto Vieira (Nació en 1950, Amares, Braga, PORTUHAL) se forma en Letras en la Universidade do Porto, pasando a dar clases en Lisboa a partir de 1993.
En los últimos años reunió casi toda su poesía en el volumen A Imposição das Mãos (1999) y parte de su actividad crítica en A Sétima Face do Dado (2000).
En el género de ficción publicó, entre otros: Chão de Víboras (1982), O Navio de Fogo (1993) y A Biblioteca de Alexandria (2001).
Está representado en varias antologías poéticas y traducido al castellano, francés y búlgaro.
Autor de doce títulos (poesia, narrativa, teatro) en el terreno de la literatura infantil y juvenil editó As Palavras São Como as Cerejas (2001), experiencia creativa llevada a cabo en el ámbito de un Projecto de Oficinas de Escrita.
Escribió sobre libros en el Diário de Lisboa, revista África, Jornal de Notícias y el semanario Expresso.
Miembro del jurado de los principales premios literarios portugueses (APE, PEN Club, Eixo-Atântico, Correntes d'Escritas, etc.).
Pertenece a la actual dirección de la Associação Portuguesa de Escritores.

Bibliografía reciente:

O Ovo da Serpente. 2001.
Coágulos. 2002.
Crescente Branco. 2004.







Vergílio Alberto Vieira
Piedra de trance

Traducción y solapa, Clara Janés.


1

Do esplendor
cativa

em Tebas cantou

A boca mais ardente



1

De esplendor
cautiva

en Tebas cantó

La boca más ardiente





O corpo todo

Desejo enfim

Devora o fogo
ó haste





El cuerpo todo

Deseo al fin

Devora el fuego
oh asta






Enquanto oiro
arde

A postura da cor

Brancas dissipaçoes
cingia à fronte

O mármore






Mientras es oro
arde

La actitud del color

Blancas disipaciones
ceñía en la frente

El mármol






Os desígnios do fogo
amo

E as águas imaturas

Doce morrer de pálpedras

Da Sua mao direita
sete estrelas

caíam





Los designios del fuego
amo

Y las aguas inmaduras

Dulce morir de párpados

De su mano derecha
siete estrellas

caían





Tangível à noite, uma figueira cega persiste junto à cal.


Tangible a la noche, una higuera ciega persiste junto a la cal.





O meteoro, a linha de água, o vento, e ninguém.


El meteoro, la línea de agua, el viento, y nadie.





Da haste extrema cai o dia, e nao o nao há haste.
Del asta más alta cae el día y no hay asta.




Entre o sono e a aurora, a transparência de um véu apenas nos separa.

Entre el sueño y la aurora, la transparencia de un velo apenas nos separa.

[Piedra de trance]





HERÁCLITO

A um grego foi possível
Outrora sonhar divinamente as águas
De outro rio
Esse rio é o homem e Heráclito
Ainda em sonho ignora
Quão indiferente sobre si mesmo corre
O rio 
Agora é noite
E o grego as naturezas escuta
Em toda a parte enquanto
Pensa o fogo harmonioso do passado
O que na cinza se escreveu
Perdido foi em Éfeso
Artemis é essa inquietação segura

                     (As sequências de Pégaso)




O ELOGIO DA ÁRVORE
                   AR.M.R.

Eles cintilam os anjos
Para morrer contra a folhagem dúbia
A luz suportam Então esfriam
Sortílega força
Cerca na fronte a estrela do desastre
Sob incidência fixam na água
O surto das imagens
A espada austera O brilho
Dessa existência finitas sombras são
Assim chorado Linos
Soube pela morte o que é ser
Da solidão

                   (As sequências de Pégaso)




SEXTA

1

Ele é O que me soube
cativar e, sem condição, me protegeu
como da lança se protege a mão,
que a arremessa.


2

Antes que o mundo
me desse por perdido, por perdido dei
o que renunciei ao mundo,
para de outro modo não vir a ser julgado,
e de mim ser temerário.


3

Para guardar a palavra,
esvaziei a boca, antes que, do coração,
me fosse arrancada, como a árvore
pela raiz.

4

De pouco me serviriam
(/bens que, como terra, juntei aos olhos
d' Aquele que sobre os povos
faz tremer as colunas do céu e o Setentríão
suspende, sobre o nada.


5

Sete vezes mais brilhará
o sol, para que a sementeira medre,
e abundância não falte ao que
com pá e crivo joeirou o trigo enganador.


6

Todas as feridas ligará, o Senhor,
ao que à mão dos sanguinários resistir,
fechando os ouvidos à soberba,
e os olhos à indecorosa ostentação.


7

Do fogo devorador me retirou
a mão, que não rejeitei,
sob pena de, concebido como feno,
ser dado à luz como restolho.


8

Do insensato me guardei,
mas não de mim, quando a língua me perdeu
e, sobre os meus lábios, o selo,
inviolável, se quebrou.


9

Por muito Julgar,
sem atender às razões do que julgava,
para trás fiquei, até ser levantado
do nada, em que me achei, perante o Senhor.


10

Do merecimento apenas sei
o que é dado saber ao que, do mundo retirado,
consigo fala sem palavras,
como quem escusa a grilheta que, pesada,
o prende à terra.

[Amante de uma só dia.   Desenho da capa: Juan Carlos Mestre. Porto: Tropelias & Companhia, 2012.  102 p.  (Livros de Horas)]









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