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miércoles, 30 de julio de 2014

AGE DE CARVALHO [10.765]


AGE DE CARVALHO

(Belém do Para, Brasil  1958) Su poesía, extramuros de la lírica brasileña, adquiere su importancia por la fuerza y originalidad verbal y de sentidos (de investigación y construcción lingüística, de «penetración», según Julio Castañon Guimaráes), en la medida en que sintoniza con las abisalidades poéticas de Paúl Celan y de Ferreira Gullar, en un conquistado espacio propio. La palabra poliédrica de su poesía tím-
brica es referencia de radicalidad innovadora. Sus últimos poemas sin libro en-
fatizan estas características hacia una mayor síntesis.

OBRA POÉTICA: Arquitetura dos ossos, 1980, y A fala entre paréntesis, 1982 (con Max Martins); Arena, areia, 1986; Pedra-Um, incluido en Ror, 1990. 

(Belém, Brasil 1958) Formado em arquitetura, trabalha como designer gráfico. Mora em Viena, Áustria. Reuniu em ROR (1980-1990) (Duas Cidades e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 1990), seus primeiros livros, publicados em editoras paraenses – Arquitetura do ossos, A fala entre parêntesis (renga com Max Martins) e Arena, areia –, e um inédito, Pedra-um. Posteriormente, publicou Móbiles, com Augusto Massi (7Letras). Os poemas aqui publicados encontram-se em ROR.

[(Belém, Brasil 1958) Llicenciat en arquitectura, treballa de dissenyador gràfic. Viu a Viena, Àustria. Reuní en ROR (1980-1990) (Duas Cidades e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 1990), els seus primers llibres, publicats en editorials de l'Estado de Pará - Arquitetura do ossos, A fala entre parêntesis (renga amb Max Martins) i Arena, areia –, i un inèdit, Pedra-um. Posteriorment publicà Móbiles, amb Augusto Massi (7 Letras). Els poemes aquí publicats es troben en ROR.]




Tradução de Adolfo Montejo Navas*


Aquí, en mi país
irremediablemente nordeste* y miserable
a la luz eléctrica de mi siglo,
bajo todos los alfabetos del miedo y del hambre;

aquí,
         entre el hombre y el hombre
         (como dos sistemas totales
         en un universo de aguas inacabado)
aquí vivo.

                   De Arquitetura dos ossos (1980)






BOCA

         la mía y la tuya:
el imán de las lenguas lanza promesas,
letra-sobre-letra

A la vera
la tempestuosa mano de la rasura
subyace
negra en el plural de los pelos,
a la búsqueda del sello más profundo,

honda.

                   De Arena, areia (1986)

* En el original nordestino, referencia geográfica y social al mismo tiempo noreste de Brasil que sufre sequía y duras condiciones de vida.






HACER CON, HACER DE

Estar, entre
estrellas y piedras,
interrumpido

         Resto de
hierbas, tiempo, entre dientes
se detiene
la palabra-rehén

ristra.

                   De Pedra-Um (1989)





SANGRE-SHOW

Ése el tiempo—
en-siempre de la serpiente,
su recobrado sentido
circular en la glebas
de la sangre.

Suelo,
subcutáneo, suelo-
aquí se apaga
la vena vida/obra,
aquí la cobra
         (intra-
coma
venenosa) insinúa
entre ramas brillantes
su eterno s:

aquí, se-es.


                              Revista Inimigo Rumor, 7 (1999)

*De Correspondencia celeste. Nueva poesía brasileña (1960-2000). Introducción, traducción y notas de Adolfo Montejo Navas.  Madrid: Árdora Ediciones, 2001 – Obra publicada com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil.

*Nota: o tradutor Adolfo Montejo Navas é amigo comum nosso com Wagner Barja, e o convidamos a participar da exposição OBRANOME 2 no Museu Nacional de Brasília, durante a I Bienal Internacional de Poesia de Brasília 2009. Montejo Navas prometeu-nos suas traduções ao castelhano e só na Espanha, em viagem, é que conseguimos os originais que estamos divulgando parcialmente no nosso Portal de Poesia Ibeoramericana, com os agradecimentos.





Aqui, em meu país
irremediavelmente nordestino e míserável,
à luz elétrica de meu século,
sob todos os alfabetos do medo e da fome;

aqui,
         entre o homem e o homem
         (como dois sistemas totais
         num universo de águas inacabado),
aqui vivo.

De Arquitetura dos ossos (1980)






BOCA

         a minha e a tua:
o ímã das línguas lança promessas,
letra-sobre-letra

À vera,
a tempestuosa mão da rasura
subjaz
negra no plural dos pêlos
à procura do selo mais profundo,

funda.

         De Arena, areia (1986)







FAZER COM, FAZER DE

Estar, entre
estrelas e pedras,
interrompido

         Resto de
ervas, tempo, entre dentes
detém-se
a palavra-refém,

réstia.
                   De Pedra-Um (1989)






SANGUE-SHOW

Esse o tempo—
em-sempre da serpente,
seu recobrado sentido
circular nas glebas
do sangue.

Chão,
subcutáneo, chão—
aqui se apaga
a veia vida/obra,
aqui a cobra
         (intra-
         vírgula
venenosa) insinua
entre ramas brilhantes
seu eterno s:

aqui, é-se.

                              Revista Inimigo Rumor, 7 (1999)




O CÍRCULO na areia, o

que no
grão de
grande

há,

    sim sens, não tens
    a fala sem sentido

que é
isto: menos que
isto, isso





3

As bananeiras indecentemente alvoroçando suas pernas
amplamente às serpentes de pluma: antros
do inferno: as formações cruéis, passando: nuvens

É que vens nu, e as nuvens te amoralçam
assanham ecos, sonham o silêncio atrás dos muros

Mais alto a fala do sol de ensina às pedras
te insinua às sombras (que estão nos antros
— fendas noturnas)

                   Claro-escuro
de linguagens subterrâneas, ânus
para a fala de dois espíritos:
         Escritura,
filtro de luz, as marcas inscritas no crânio
da palavra, verão de alfabetos esquecidos,
sílabas, louras mitologias manchadas no muro

Que existe/insiste escuro para manhãs, amanhos, aventuras:
A Ilha do Tesouro, a mala do defunto, o escaravelho
                                                        — a fala
se amofina estéril e lisa, espuma
                                      ao gozo de neblinas


Veio,
veio Áries, as forças,

a espiral,
do cifrado chifre e um número
de ouro, Quatro, herdado
de ti,

Um-pai,

pastoreando agora o carneiro
dourado para fora
do quarto,
perdida a córnea
palavra, pós-operatória,
que, soprada,
talvez, talvez
levasse
a ti.






Corcovado

à Nelci Frangipani

Uma última vez
antes de subirmos,
braços abertos sobre
a flora brava, aqui
em baixo, onde colho
a despedida –

o tempo
só de abraçar
o abricó-da-praia,
meu amigo,
enquanto tu, trezentas
e terrena, davas
comida aos gatos.







POEMA COMPLEMENTAR SOBRE O RIO

A José Maria de Vilar Ferreira

O rio consagrado: a vazante
lembrança que escoa em maré
baixa e retorna — água escura
— na preamar

O rio sagrado: invólucro do céu
e margem, e duas margens
dos caboclos amantes. O rio

passado: cismando na crisma, paresque
dumas lembranças que trabalham a solidão:
o paralelo das margens, uma igara partida,
as águas sujas que sempre voltam.






A CADELA

Caminhava grave pela casa 
          a cadela. 
A cabeça quieta era sua altivez 
quadrúpede no centro da cozinha. 
          Caminhava. Os olhos, costelas, 
          o mar de ossos, o coração 
pardo e lento – caminhava.
A manhã debruçava-se pela janela: cristais no pó, 
o púcaro da china, horas de louça 
batendo nas palavras na sala da casa. 
          A cadela caminhava, dura, 
          secular. 
(Domingo dormia 
prolongado como um funcionário feriado).
Vivera demais. Descansava à sombra, 
perto do quarador. 
          Sonhava farta, invisível, 
          a cadela azul, 
          nua 
          (o sexo velho e molhado, 
          um caranguejo arcaico sob o rabo).
Dormia, vazia.
Outubro doía longe, na Ásia, 
quando a Fuluca anunciou: "A Catucha morreu".






De
ROR (1980-1990)
São Paulo: Claro Enigma, 1990



IN ABSENTIA

E: ainda uma chance —
uma pedra se refolha
para o repouso,
o instante é
sempre presença

Ror de erros,
recolho repetidos
o que ainda me pertence




NISSO

que ascendeu
se revelou
e esqueceu

         ponhamos uma pedra




SUMA

Quantas vezes
ainda por repetir?

Estão comigo, todas
de segunda mão,
não classificadas

ó anel
círculo   mancha    ervas
sombra    relva    irmã
estrela    erro   tumba
por companhia

pedra    pedra    pedra






A JOÃO CABRAL DE MELO NETO

só dizer
o que sei
e duvido saber,        o sal
                            pela mão
                            do rio-sem
resposta —
um luxuoso dizer, de vagar sem onda
e vaga, fluvial, não aliterado;

um dizer repetido na diferença,
barrento, semi-dito, em Não fechado;

ou o não-dito, rios sem discurso,
nome por dizer ou dizer empedrado;

dizer sim o raro e claro do poema,
dizer difícil e atravessado, com margem

de erro






Pai / Pare
Minha mãe morreu as 48 anos / Ma mare va morir als 48 anys




PAI

PAI, uma pedra
distante
para chorar,
um argumentado lírio
jacente, sede clara
no jarro sem som,
e esta conversa arvorada
sobre a graça do branco –
                    “jóias da
            mobilidade” 
(in Mariane Moore)
início da primavera







MINHA MÃE MORREU AOS 48 ANOS

Minha mãe morreu aos 48 anos;
meu pai, aos sessenta. Uma pedra,
a cadela morreu dura. 
Morreu o João: câncer;
o Carlito suicidou-se
                                     (novo novo).
O Abílio morreu, nunca mais. A Márcia,
a Jane. O Zeca, no Rio.
O esqueleto do volkswagen enferruja
histórico numa praia da Paraíba. 
              (Enfrento prematuro a idade
onde meus dentes estarão num álbum
                                                 e perdidos para sempre
(não sei aonde não sei aonde, meu deus!)
e terei uma lembrança e uma cadeira,
                                                        próxima à janela).








[PARE]

PARE, una pedra
llunyana
per a plorar,
un argumentat lliri
jacent, set clara
en el pitxer sense so,
i aquesta conversa arborada
sobre la gràcia del blanc-
                               "joies de la
                              mobilitat"
(in Mariane Moore)
inici de la primavera

                      
[Traducció de Joan Navarro]    







[MA MARE VA MORIR ALS 48 ANYS]

Ma mare va morir als 48 anys;
mon pare, als seixanta. Una pedra,
la gossa va morir durament.
Va morir el João: càncer;
el Carlito es va suïcidar
                                    (jove jove).
L'Abílio va morir, mai més. La Márcia,
la Jane. El Zeca, a Rio.
L'esquelet del volkswagen es rovella
històric a una platja de Paraíba.
                    (Afronte prematur l'edat
on les meues dents estaran en un àlbum
                                                 i perdudes per a sempre
(no sé on no sé on, déu meu!)
i tindré un record i una cadira,
                                               prop de la finestra).


[Traducció de Joan Navarro]    



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