MARIA AZENHA
Nació en Coimbra (Portugal).
Poeta. Es licenciada en Matemáticas por la Universidad de Coimbra.
Profesora de la Universidad de Coimbra, Évora y Lisboa.
Miembro de la Asociación Portuguesa de Escritores (EPA).
Obras publicadas
1987 - Folha Móvel, Edições Átrio
1991 - Pátria D' Água, Edições Átrio
1992 - A Lição Do Vento, Edições Átrio
1992 - O Último Rei de Portugal, Editora Fundação Lusíada
1999 - O Coração dos Relógios, Editora Pergaminho
1999 - Concerto Para o Fim do Futuro, Editora Hugin
1999 - P.I.M. (Poemas de Intervenção e Manicómio), Universitária Editora
2001 - Poemas Ilustrativos de Pintura de Valdemar Ribeiro, Edição Symbolos
2002 - Nossa Senhora de Burka, Editora Alma Azul
2005 - Poemas Ilustrativos - De Camões a Pessoa - Viagem Iniciática, Editora Setecaminhos
2008 - A Chuva nos Espelhos, Editora Alma Azul
2009 - O Mar Atinge-nos", CD - Editora Discográfica Metro-Som
2010 - De Amor Ardem os Bosques, Ed./Autor, 2010
2011 - A Sombra da Romã, Editora Apenas Livros, 2011
2012 - Num Sapato de Dante, Escrituras Editora, 2012 - Brasil
Antologias de Poesia
1982 e 1983 - Madrugada 2 e 3, Edição do Movimento de Escritores Novos
1984 a 1987 - Anuários de Poesia 1, 2, 3 e 4, Edição Assírio & Alvim
1988 - Água Clara, Edições Património XXI
1989 - Hora Imediata (Hora Extrema), Edições Átrio
1989 - 100 Anos (Federico Gracia Lorca), Universitária Editora
1989 - Viola Delta - 14º. Volume, Edições Mic
1991 - Antologia de Homenagem a Cesário Verde, Edição Câmara Municipal de Oeiras
1994 - Simbólica 125 Anos, Edição Ateneu Comercial do Porto
2001 - 25 Poemas no Feminino, Edição da Junta de Freguesia da Penha de França
2002 - Revista de Artes e Ideias, nºs 4 e 5, Editora Alma Azul
2002 - Gabravo - Artdomus, Edição S. Pedro de Sintra
2003 - Povos e Poemas (Edição Bilingue), Universitária Editora
2004 - Na Liberdade (Homenagem de Poesia aos 30 anos do 25 de Abril), Garça Editora
2003 e 2004 - Poema Colectivo - O Fulgor da Língua | Projecto Inserido nos Eventos de Coimbra - Capital Nacional da Cultura
2005 - Antologia / Pablo Neruda, Universitária Editora
2008 - DI VERSOS - Poesia e Tradução, nº. 14, Edições Sempre-Em-Pé
2010 - O Prisma das Muitas Cores - Poesia de Amor Portuguesa e Brasileira, Editora Labirinto
2013 - Entre o sono e o sonho - Antologia de Poesia Contemporânea, Vol. IV - Tomo II, Chiado Editora
Las Palabras
Las palabras son como hojas
No saben cuando están fuera de lo real,
Por ejemplo la palabra silencio,
Comienza por un "s" y quiere decir otoño,
Es la menos mortal.
Otras
A veces atraviesan las hojas de la noche
Y ponen su oído en el mar
Que se escribe con tres letras
Como
Tres escalones
Sagrados
Esta quiere decir eternidad
Purísima alegria.
(Blog Bosque Azul: http://coracaoazul-mariah.blogspot.com/)
El poema está hecho de nuestras propias vértebras
dice Maiakowski
indicando dónde comienza la dirección de la montaña
aguarda las largas estaciones de los hielos
a mitad de camino entre el silencio y las flores del sándalo
los brotes más tiernos
llegan con la luz de la primavera
O poema é feito de nossas próprias vértebras
disse-o Maiakowski
indicando onde começa a direcção da montanha
aguarda longas estações no decorrer do gelo
a meia distância do silêncio e das flores do sândalo
os brotos mais tenros
chegam com a luz da primavera.
Un árbol
desnudo
de ancho pecho
roba a la sombra de la noche
la ciencia del manto
A árvore
nua
de peito amplo
retira da sombra da noite
a ciência do manto
De amor ardem os bosques de Maria Azenha.
http://elestablodepegaso.blogspot.com.es/search/label/Maria%20Azenha%20poema
Mamã! Mamã federal !
(ao Pedro, meu filho)
mamã:
o meu corpo caiu na pia baptismal. Foi um percalço.
recebi a tua bênção com os óleos santos
em algodão de rama.
Mas que faço agora eu neste bordel das lágrimas,
com tantas orlas com tantos véus,
a fabricar poemas nas morgues do Céu?
Que faço agora eu artesã do sangue
com a minha mão profana que ficou grávida?
E a minha mão direita é ainda uma têmpora
num país distante com lágrimas de sal
mamã!:
envia um telegrama a todos os jornais, anuncia
com o meu coração em febre,
com todos os meus punhos cerrados como que a rezar,
que eu fumo cambodja, liamba,
hiroxima, armas nucleares,
que rendilho a ferros todos os meus cárceres
com as palavras brancas do medo
que saltam dos meus olhos.
Eu roubei a todos os arcanjos as palavras do ódio!
eu fumo cachimbos, goelas de bairros, narcóticos, drugstores democráticos; mato vinte e sete pessoas por cada prato faço massacres na américa central cravo balas nos vestidos amarelos das crianças estrangulo o tempo com o sexo dos eléctricos ilumino as fezes com feiuras sacro-santas faço ícones com toda esta tristeza humana.
mamã,
eu rasgo «cânceres» de papel, trabalho as sombras
com as lágrimas de plástico,
mexo na história com cadáveres brancos
estendo os meus braços em tecnicolor
como numa tela circular humana.
mamã,
eu encolho os ombros, espirro,
bebo cafés evangélicos, grito com os filhos.
mamã, vivemos juntos!, isto é o meu mau génio.
ah, mas o Vaticano,
esse grande gangster de robe,
que anuncia
a paz para os domingos, essa pia
baptismal onde eu também caí com fome
foi um percalço.
e o pavimento lustral da carniçada humana
pisando o sangue , os incensos
da guerra,
onde não cabe agora aí o trigo!
mamã,
e os uniformes azuis a dizer
tão bem com as velas,
e os pássaros
e as indochinas
e os vitrais da esperança com tanta luz.
a difundir as trevas com vapores de chumbo.
e os trigais maduros a vencer
o chão, a curvar a terra
aos anéis do mundo; e as lutas armadas
e as recitações de tréguas
e as missas solenes lidas à breviário,
cantadas por gorilas
com sapatos d'anjos.
e a guarda civil e as patrulhas
e os ofícios e as escolas
e as embaixadas anfíbias nas tuas nádegas
onde fica agora aí toda a tua força política.
e os tribunais de togas a julgar
os crimes a barricar as fomes
esquecendo as dívidas.
mamã,
onde fica o grande rio das palavras onde fica guatemala
onde fica a noite dos tam- tans onde fica a esperança
com os olhos de napalm?!
onde fica a vida mamã-sacrária?
mamã! mamã federal,
esta manhã eu mijei todas as rimas
todos os versos brancos,
nessa pia baptismal!
Ovo Nuclear
este reencontro com o Silêncio na procura de mim mesmo
esta busca de Paz em cada ave
em cada movimento
como uma janela entreaberta
este centro que
evolui com a paisagem
esta Viagem ao país do meu rosto
a minha janela fotográfica
este cigarro que acendo
e
que procura
o
Ovo
Um fantasma branco de nuvens e cabelos
falo de um espelho secreto entre os meus dedos
um espelho que reflecte múltiplas imagens
um espelho que
de cada vez que alguém chama por um nome inteiro
sucede nele um tremor de terra
e o espelho quebra
ficam então os estilhaços dele
entre os meus dedos
que entraram abruptamente no meu cérebro
vejo agora e de mais perto
um rapaz com asas e sem lágrimas:
um fantasma branco de nuvens e cabelos...
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