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miércoles, 3 de julio de 2013

NILTO MACIEL [10.215]


Nilto Maciel
Nilto Maciel (Baturité, BRASIL  30 de enero de 1945) escritor brasileño.
Estudió derecho en la Universidade Federal do Ceará y vivió en Brasilia de 1992 a 2008 donde tuvo varios trabajos burocráticos.
Ha trabajado para las revistas O Saco y Literatura. Y ha publicado cuentos y poemas en portugués, esperanto, español, italiano y francés.

Obra

Itinerário, 1974,
Tempos de Mula Preta, 1981
A Guerra da Donzela,1982
Punhalzinho Cravado de Ódio, 1986
Estaca Zero, 1987
Os Guerreiros de Monte-Mor, 1988
O Cabra que Virou Bode, 1991
As Insolentes Patas do Cão, 1991
Os Varões de Palma, 1994
Navegador, 1996
Babel, contos, 1997
A Rosa Gótica, 1997
Vasto Abismo, 1998
Pescoço de Girafa na Poeira, 1999
A Última Noite de Helena, 2003
Os Luzeiros do Mundo, 2005
Panorama do Conto Cearense, 2005
A Leste da Morte, 2006.
Carnavalha, 2007
Contistas do Ceará: D’A Quinzena ao Caos Portátil, 2008
Contos reunidos (volume I), 2009

Premios

Prêmio Fundação Cultural de Fortaleza, CE
Prêmio da Secretaria de Cultura e Desporto do Ceará, 1981, 1986
Prêmio VI Prêmio Literário Cidade de Fortaleza, 1996,
Prêmio “Cruz e Sousa”, 1997
Prêmio "Eça de Queiroz",1998
Prêmio “Bolsa Brasília de Produção Literária”, 1999
Prêmio “Brasília de Literatura”, 2003
Prêmio “Graciliano Ramos”, 2005





FRANCISCA
Para minha mãe.



Su cuerpo – finas fibras de algodón.
Su alma dulce – caña y miel en los descampados.
Francisca, franciscana, pajarito, abeja.
Maternal y bella – madre de mis penares: plumas.

Su frágil cuerpo y la tierra tan pesada sobre
su espíritu grande como un vasto mundo,
volando aves, albas, albeoladas plumas
en el espacio, el cielo que crea Dios y la salvación.

Ahora vago hecho un vagabundo y acecho
estrella, luces, venas quimeras, perdiciones
de quien vivió o vive no creyendo en la Nada.

Y sueño ser aquí hilacha o gota que
se busca, se llama, perdida y desvanecida,
y la llama: madre, enciéndeme y ilumíname siempre.


Traducción: Gabriel Solis







FRANCISCA
Para minha mãe.

O corpo dela  finas fibras de algodão.
Su’alma doce  cana e mel nos descampados.
Francisca, franciscana, passarinho, abelha.
Materna e bela  mãe dos meus penares: penas.

Seu frágil corpo e a terra tão pesada sobre
o esp’rito dela grande feito um vasto mundo,
voando aves, alves, alvas, alvacentas plumas
no espaço, o céu que cria Deus e a salvação.

Agora vago feito um vagabundo e espreito
estrelas, luzes, vãs quimeras, perdições
de quem viveu ou vive a acreditar no Nada.

E sonho ser aqui fiapo ou gota que
se busca, chama-se, perdido e apagado,
e a chama: mãe, me acende e me ilumina sempre.


(In Poesía de Brasil, volumen 1, organizado por Aricy Curvello, Proyeto Cultural Sur, 2000.)




PERFIS
(Dionísio)

Podem me chamar de Jacus,
assim como Tioneus
ou Dioniso ou Leneus.
Sou mesmo o divino Baco,
deus da plena liberdade,
poderoso excitador
dos mais vis, belos instintos.

(Cristo)

Se minhas chagas hebréias
servissem de fantasia,
muito as escolas de samba
me teriam transformado
em negro porta-estandarte.

(Pilatos)

Jesus Cristo condenei
e disso não me arrependo.
Se tivesse sido rei,
certamente não seria
filho divino dos padres.
E adeus cristianismo.

(Barrabás)

Se não fosse Jesus Cristo,
o que seria de mim?
Talvez tivesse morrido
como ele, crucificado.

(Maomé)

Vim depois do bom Jesus,
assim como de Judá.
Após eu nada virá,
a não ser a ditadura
dum vetusto aiatolá.

(Américo Vespúcio)

Sou tão-somente Vespúcio,
navegador como tantos.
Não merecia a homenagem
do nome do continente:
sou tão-somente uma ilha.

(Galileu)

Se a torre jamais caiu,
se resiste a velha Pisa,
eram muito verdadeiros
meus malucos pensamentos
sobre Deus e sobre a Terra.

(Nostradamus)

Muito antes de Robespierre
eu já sabia de tudo:
da sangrenta guilhotina,
da vil morte de Danton,
e também de Bonaparte.

(Canaletto)

Ora, meus degradadores,
se pintei nossa Veneza,
se pintei nosso canal,
seus barcos cheios de cores,
sua gente – que beleza! –
foi por pura precisão.

(Vidal de Negreiros)

Que tal nascer na Paraíba
e ser governador de Angola?
E preferir a dinastia
portucalesa à holandesa?
Se filho da puta não fui,
bisnetos vocês são do Rui.

(Beckman)

Meu desejo principal
era ter muito dinheiro,
possuir o Maranhão,
se possível o Brasil.
Se me chamam Bequimão,
se me chamam brasileiro,
que se danem Portugal
e a puta que o pariu.

(Pasteur)

Mil coelhos adorei,
todos os bichos do mundo,
sobretudo nós humanos.
Toda a vida dediquei
aos estudos mais profundos.
Entretanto quem se lembra
do que fiz, do que farei?

(Valentino)

Por que choram as mulheres,
as raparigas em flor?
Sou apenas mais um morto,
mais um tipo que se vai.
Se me vou, é que acabou
a vida de sedutor,
de bárbaro cavaleiro
do apocalipse cristão.

(Italo Balbo)

Quem se recorda de mim?
Levei ao poder o Duce,
pratiquei mil peripécias,
fui ministro, marechal,
da Líbia governador.
E quem se lembra de mim?
Pois acabei derrubado
pelos meus próprios soldados

(Judas)

Não tenho pena do boneco
que homens pequenos queimam.
Ele é de pano, insensível.
Tenho pena daqueles
que nada queimam na vida.

Extraído de: http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/



LAGARTIXA

De cima do muro
mundo inteiro avista.
Inseto voando,
comida na pista.
Cabeça balança,
como se negasse
a própria esperança
de viver assim.


CABRITO

Pula daqui, pula dali,
 nunca pára de berrar.
Procura a mãe a ruminar,
comer capim, bem distraída.
E nisso cresce, passa a vida,
até que salta mais e passa
a ser um bode e a ter raça.


GALO

Quase não dorme
e, quando acorda,
se faz enorme,
feito uma corda
que se esticasse.
E solta o canto,
qual se soltasse
o desencanto.
No seu terreiro
só ele canta.
E o galinheiro
já nem se espanta
de madrugada.
Mas se alvoroça
quando o sultão,
por qualquer nada,
corre e se roça,
qual dom joão,
na franga nova.

RATO

Ódio a gato, unhas e patas,
dentes pontudos, mortais.
Amor à noite, às ratas,
aos queijos sensuais.
Vida perigosa,
susto atrás de susto,
morando em tocas,
a qualquer custo.
Vida curta
de quem furta.
Vidinha
daninha.


Extraídos de: http://niltomaciel.blog.uol.com.br/




SE ME CHAMARES FOGO

Se me chamares fogo
eu te labaredas.

Se me quiseres água
eu te correntezas.

Se me julgares vento
eu te tempestades.

Se me disseres pedra
eu te porcelanas.

Se me chamares chão
eu te profundezas.

Se me quiseres noite
eu te estrela Vésper.

Se me julgares pássaro
eu te vendavais.

Se me disseres corvo
eu te Allan Poe.

Se me chamares serpe
eu te paraíso.

Se me quiseres corda
eu te Tiradentes.

Se me julgares diabo
eu te tentações.

Se me disseres anjo
eu te candelabros.

Se me chamares deus
eu te eternidade.

Se me quiseres louco
eu te poesia.

Se me julgares santo
eu te crucifixos.

Se me disseres vida
eu te funerais.

Se me chamares mito
eu te tecelões.

Se me quiseres pródigo
eu te ancestrais.

Se me julgares hoje
eu te amanhã.

Se me disseres sempre
eu te nunca mais.

Se me chamares vem
eu te seguirei.

(28.12.1999)



PROGRESSO 

Meu pai pastorava 
os rebanhos de um coronel. 
Dizem que morreu em paz 
e subiu aos céus. 

Eu vigio os carros da burguesia 
pequena, média e grande. 
Tenho fé em Deus 
que tudo vai ser igual.

Extraídos de: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.phtml?user=niltofm











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