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miércoles, 5 de diciembre de 2012

EDIVAL PERRINI [8777]



Edival Perrini
Edival Antonio Lessnau Perrini nace en Curitiba-PR, BRASIL el 23 de Octubre de 1948, donde crece y reside. Médico por la Universidade Federal do Paraná, en 1973, especialista en Psiquiatra por la Associação Brasileira de Psiquiatria y Psicoanalista por la Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. 


Publicaciones:

- ENTRE SEM BATER, poemas e crônicas, Ed. Rosário / Feira Intercolegial Estudantil do livro, Curitiba PR, 1972.
- POEMAS DO AMOR PRESENTE, poemas, Ed. Beija-Flor, Curitiba PR, 1980.
- OLHOS DE QUITANDA, poemas, Ed. do Autor, Curitiba PR, 1986.
- POMAR DE ÁGUAS, poemas, Ed. Kugler Artes Gráficas, Curitiba PR, 1993.
- ARMAZÉM DE ECOS E ACHADOS, poemas, Ed. do Autor, Curitiba PR, 2001.
- FANDANGO DO PARANÁ: OLHARES, prosa sobre fotos de Carlos Roberto Zanello de Aguiar, Ed. Optagraf, Curitiba, PR, 2005.
- O OLHO DAS ÁGUAS, poemas, Ed. do Autor, Curitiba PR, 2009.



Traducción: Leo Lobos





ILUMINACIÓN

La emoción nació lentamente
y se anuncio
sol.
Como la aurora,
respiró las cosas de luz:
era posible ya ver
lo poco.
Como el sollozo,
imposible de no ser cuando es,
lo dicho al azar
a las tres de la tarde
se inventó verso:
tan poco para tanto.





VÉRTICE

un hombre en pié sobre la canoa
pesca en la mañana de cada día,
noventa grados de poesía.




TERRA

En la vía-láctea,
un pozo.
¿Existe algo más plural?






AMOR

A pesar de su dureza,
el hierro,
resistente e inflexible,
acepta la humedad
el gozo escarlata del oxido.





ALGA

Verte del verdor
de alga
algo
más allá del color.

Tal vez al verse vista,
ella alga pulse
el corazón de cenizas

y la verdura del verbo
alga musgo en el mirar.
Tal vez al ver me

viéndola, la alga
vease tocada:
verde verde, verde.






PROA

El sueño es mi pastor, nada me faltará.
Que vengan las tormentas, que venga lo venga,
tengo al sueño conmigo, el sueño es mi pastor.

El mundo de la apariencia no me comerá.
Conozco bien sus mañas, mi oficio es interior:
girasol que es girasol tiene la proa para el amanecer.

El sueño es mi pastor, nada me faltará.
Con el tejó el mundo, reinvento la vía-láctea.
Misterios son bienvenidos, el sueño es mi pastor.

En el busco la verdad o ella no me encontrará.
Mi verdad, el sueño, es pomar y es escudo.
Su universo, los versos, hilo de si y de no.

El sueño es mi pastor, nada me faltará.
Encuentro en el la luz, mi alimento y color.
Que escurra el reloj de arena, el sueño es mi pastor.






PROA

O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Que venham as tormentas, que venha o que vier,
tenho o sonho comigo, o sonho é meu pastor.

O mundo da aparência não me engolirá.
Conheço bem suas manhas, meu ofício é interior:
girassol que é girassol tem proa pro amanhecer.

O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Com ele eu teço o mundo, reinvento a via-láctea.
Mistérios são bem-vindos, o sonho é meu pastor.

Ou eu busco a verdade ou ela não me achará.
Minha verdade, o sonho, é pomar e é brasão.
Seu universo, os versos, fio do sim e do não.

O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Encontro nele a luz, meu alimento e cor.
Que escorra a ampulheta, o sonho é meu pastor.

Armazém de ecos e achados, 2001





NORTE

Repudio a chuva fina:
mesquinha, indecisa, à toa.
Ou tempestade me assina,
ou me rasgo, se garoa.

Armazém de ecos e achados, 2001






VÉRTICE
Homem em pé sobre a canoa
pesca a manhã de cada dia,
noventa graus de poesia.

Pomar de águas, 1993






VÉSPERAS

No princípio é a luz do verbo.

Dentro da luz,
botão de flor das vésperas,
o verbo.

Dentro do verbo em luz,
a madrugada das palavras.

No princípio é a luz do verbo.

Se me toca,
falo.

O olho das águas, 2009





AMOR

Apesar de sua induração,
o ferro,
renitente e inflexível,
consente à umidade
o gozo escarlate da ferrugem.

Armazém de ecos e achados, 2001





OBSESSÃO

A formiga dá as costas para o mar
e trabalha.

Resignada,
vê apenas a luz do dever.

Nada lhe diz a brisa,
nem os caminhos tortuosos do amor.

A formiga dá as costas para o mar
e trabalha:
voar não lhe faz nenhuma falta.

O olho das águas, 2009






“Travessia de arrepios”

travessia de arrepios
a vida:
ferida exclamada,
hiato de sol,
girassol
ávido por uma foz de cicatrizes

O olho das águas, 2009







A CERIMÔNIA DAS NUVENS

1.

Imenso papel azul
estende-se sobre a Terra.
Plural o que nele cabe,
acolhe a palavra nuvem.

A nuvem é singular
no mundo-dicionário,
mas se livre, é ave lépida,
vive em bandos, coletiva.

De seu ninho, vento e água,
flui bálsamo fecundo,
e a bruma deste cio
exige contemplação.

2.

Não cabe no peito
a cerimônia das nuvens
quando tinge de arabescos
o papel azul do céu.

É quando as nuvens estouram:
surgem velas peixes
monstros
bizarros gigantes que andam.

Se olhamos, não colhemos
a completa intenção
do celeiro transformante.

Mudam sempre os enredos
por contínua invenção?
Ou as formas são andantes
pois que buscam posição
para espiar nossos segredos?

Incomunicáveis,
as nuvens tecem casulo
de onde voarão
estrelas.

3.

O prazer do movimento
se retira,
ganha o ar novo alento,
geometria.

Surgem retas e quadrados,
olaria,
singular jogo de dados,
sintonia.

Surgem sombras ao esquadro,
contramão
de desejos ansiados,
ilusão.

Popular ensinamento
denuncia:
céu pedrento é chuva ou vento,
poesia.

4.

O dentro da palavra céu
esconde a seiva e os vapores,
tintura de sonhos e cores,
da alma das algas do mar.

Cardume de tintas agrestes
esculpe com asas e alarde
fantástica teia no oeste,
a paz em laranja das tardes.

De repente, o movimento
desmancha a fotografia,
rolam pedras, rola o vento
desperta a artilharia.

Céu de britas, não de nuvens,
arrebenta algum tinteiro
que guardava só o cinza,
cor retida em cativeiro.

Livre o cinza se espalha,
não de leve, se amontoa.
Vejo que entra desta dor
no segredo das pessoas.

5.

Encharcado,
de horizonte a horizonte,
vibra o ar
seus arpejos de fonte.

Pressionado,
roga o mar sua origem,
a saudade
impõe às nuvens vertigem.

Abafado,
todo o cinza se encurva,
principia
a cerimônia da chuva.

O olho das águas, 2009



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