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viernes, 7 de junio de 2013

EMANUEL FÉLIX [10.052]


Emanuel Félix Borges da Silva nació en Heroísmo Angra, PORTUGAL  el 24 de octubre de 1936 y murió el 14 de febrero de 2004, en la misma ciudad. Poeta, ensayista, autor de cuentos y crónicas, crítico literario y de arte. Hemos considerado el introductor de la concreción poética en Portugal, que al principio rechazada, después de haber pasado por la experiencia surrealista. 
Fundó y fue co-director de la revista Gávea (1958). Es co-director de la revista Atlántida , el Instituto de Cultura de las Azores. Comenzó sus estudios en las Azores, pero habiendo hecho casi todos sus títulos técnico-profesionales en el extranjero, especialmente en el Instituto Francés de Restauración de Obras de Arte (París), la Escuela de Bellas Artes, el Anderlecht y la Universidad Católica de Lovaina, donde se especializó en el estudio de laboratorio de las obras de arte de los métodos científicos del Instituto de Arqueología e Historia del Arte en la misma universidad. 
Hizo visitas de estudio y asistió a largo plazo de las colocaciones en los colegios y los servicios científicos de los museos en París, Rouen, Bruselas, Lieja, Amsterdam, Londres, Roma, Florencia, etc. 
Fue el responsable de la creación del Centro para el Estudio, Conservación y Restauración de Obras de Arte de las Azores, donde dirigió y organizó, con el apoyo del Fondo Social Europeo de cursos de formación para restauradores de pintura de caballete. Habiendo comenzado su vida como maestro de escuela primaria, era también un profesor de educación secundaria y, por último, la educación superior, se propuso y colaboró ​​en la reestructuración del "curriculum" de la Licenciatura en Conservación y Restauración de la Escuela de Tecnología de Tomar , donde fue profesor de Tecnología y Técnicas de Conservación de Pintura y Restauración, disciplinas cuyo plan de estudios elaborado. En la misma escuela, se desempeñó como parte de los estudios, consultoría, desarrollo científico de su laboratorio de restauración y etapas de la gestión de la especialidad. 
Formó parte del grupo de expertos "Proyecto 10" CDCC Consejo de Europa, que celebró numerosas audiencias para el estudio de la dinámica cultural en el desarrollo de varias regiones europeas. Dio conferencias y participó en mesas redondas sobre las asociaciones culturales y universidades de los Estados Unidos de América. Individuo es miembro de varias instituciones culturales nacionales y extranjeros. Tiene cientos de artículos publicados en periódicos y revistas en las Azores, Portugal continental y en el extranjero. Está representado en numerosas antologías de poesía.

Bibliografía completa:

Vendedor de Bichos (Poesia) Lisboa, 1965; Angra no Último Quartel do Século XVI, Angra do Heroísmo, 1967; A Palavra O Açoite (Poesia) Coimbra, 1977; A Viagem Possível (Poesia, 1965/81) Angra do Heroísmo, 1984; Seis Nomes de Mulher (Poesia) Angra do Heroísmo, 1985; António Dacosta - Esboço de um Roteiro Sentimental, Angra do Heroísmo, 1988; O Dragoeiro (Dracaena Draco da Macaronésia) Chave da Grande Obra em Jerónimo Bosch, Angra do Heroísmo, 1988; Conceito e Dinâmica do Património Cultural, Angra do Heroísmo, 1989; O Instante Suspenso (Poesia) Angra do Heroísmo, 1992; A Viagem Possível (2ª edição refundida e actualizada) Lisboa, 1993; Os Trincos da Memória (Ficção Narrativa) Ponta Delgada, 1994; Iconografia e Simbólica do Espírito Santo nos Açores, Praia da Vitória, 1995; Habitação das Chuvas (Poesia), Angra do Heroísmo, 1997. Tem para publicar, entre outras: Paramentos Antigos dos Açores - Sécs. XIV, XV e XVI (História da Arte), Comunicação, Cultura, Liberdade (artigos, comunicações, conferências e outros textos de intervenção).




Un poema de Emanuel Félix

De bruces sobre la tierra
buscando
en la hierba fugaz de tu cuerpo
el rocío de esta noche

De A palavra o açoite, 1977
Traducción: Luis María Marina




FIVE O'CLOCK TEAR 

Coisa tão triste aqui esta mulher
com seus dedos pousados no deserto dos joelhos
com seus olhos voando devagar sobre a mesa
para pousar no talher
Coisa mais triste o seu vaivém macio
p'ra não amachucar uma invisível flora
que cresce na penumbra
dos velhos corredores desta casa onde mora

Que triste o seu entrar de novo nesta sala
que triste a sua chávena
e o gesto de pegá-la

E que triste e que triste a cadeira amarela
de onde se ergue um sossego um sossego infinito
que é apenas de vê-la
e por isso esquisito

E que tristes de súbito os seus pés nos sapatos
seus seios seus cabelos o seu corpo inclinado
o álbum a mesinha as manchas dos retratos

E que infinitamente triste triste
o selo do silêncio
do silêncio colado ao papel das paredes
da sala digo cela
em que comigo a vedes

Mas que infinitamente ainda mais triste triste
a chávena pousada
e o olhar confortando uma flor já esquecida
do sol
do ar
lá de fora
(da vida)
numa jarra parada

A Palavra O Açoite (1977)




APELO PARACLETO

Para o Francisco Jorge 

Deixa-te estar assim um instante mais pousada
no parapeito da janela,
antiquíssima profetisa dos bosques.

Não te vás,
pequeno deus do orvalho
(pelo menos enquanto escrevo este poema).

Deixa-te estar um instante mais
pousada
no parapeito da janela
que eu não sou caçador não ouso
armadilhas nem flechas
nem te levarei de oferta à minha amada,
noiva de Salomão,
ave sagrada de Afrodite,
símbolo talmúdico da castidade.

Fica,
alado peixe duplo,
breve mensageira da Grande Mãe Telúrica.

Deixa-te estar um instante mais pousada
no parapeito da janela,
portadora do ramo de oliveira.

Quero saber se o Dilúvio Universal
já acabou lá fora
e se o Espírito de Deus paira de novo sobre
as águas da substância primordial
indiferenciada.

O Instante Suspenso (1992)






PARA JOANA 

Filha,

na areia movediça das palavras, eu tenho procurado, juro,
as que nasçam só nossas,
certas, insubstituíveis, insubmissas.
Com ternura lhes toco e as levo ao coração,
frias ou gastas quase sempre, de outros usos.
Como se fossem algas,
escorrem por entre os dedos que as seguram.
Outras, agarro-as bem, tinjo-as de sangue. São
as que me comovem.
Com elas choro e sigo a sua frustração de claunes que tornaram
[ainda mais triste cada infância.

Mas, persigo-as, sim, quero-as ainda, as palavras
trabalho-as
com a aplicação do alquimista.
E do athanor saem só pequenos peixes de ouro
que nada têm a ver com o mar que separa o velho galeão
que de gusanos
me construo
e o teu corpo de mulher que é preciso aceitar urgentemente.
Ou aceitar de outro modo:
como súbito se abrisse a porta da casa e lá fora estivesse caindo
[uma chuva quente que a todos nos molhasse de uma estranha doçura.

Ah, minha filha, com que rigor procuro
o sinal de sermos o que somos
neste rio sem margens
ou talvez nesta praia em cuja espuma quente
é possível molhar ritualmente os pés e as mãos e partir a correr
nus
em direcções opostas
sem nada sugerir
a morte nem a vida
apesar de ambas estarem sempre para chegar.

Ah, o que tenho procurado, juro.
E que inútil junto às frondosas árvores dos símbolos
mais doces mais íntimos mais ternos cruéis acusadores.
Também a esses os levo à altura do peito e os encontro escassos de forma.
Na bigorna não aguentam a violência apaixonada do ferreiro.

E, de novo, procuro entre nomes de flores cidades ou estrelas
e nem sequer nos empedrados rostos das catedrais que eu vi
encontrei nada que pudesse trazer para aqui
outras coisas que pudesse ir amontoando com o tempo
para ir compondo o poema, minha filha, que há dezasseis anos ando para te escrever
mas que não fui capaz
porque escusado é dizer que é dentro de mim que habita uma enorme rosa de fogo
que não se vê do lado das palavras ou das pedras.

Bruxelas, 1981

A Viagem Possível (1981)







AS RAPARIGAS LÁ DE CASA 

Como eu amei as raparigas lá de casa

discretas fabricantes da penumbra
guardavam o meu sono como se guardassem
o meu sonho
repetiam comigo as primeiras palavras
como se repetissem os meus versos
povoavam o silêncio da casa
anulando o chão os pés as portas por onde
saíam
deixando sempre um rastro de hortelã
traziam a manhã
cada manhã
o cheiro do pão fresco da humidade da terra
do leite acabado de ordenhar

(se voltassem a passar todas juntas agora
veríeis como ficava no ar o odor doce e materno
das manadas quando passam)
aproximavam-se as raparigas lá de casa
e eu escutava a inquieta maresia
dos seus corpos
umas vezes duros e frios como seixos
outras vezes tépidos como o interior dos frutos
no outono
penteavam-me
e as suas mãos eram leves e frescas como as folhas
na primavera

não me lembro da cor dos olhos quando olhava
os olhos das raparigas lá de casa
mas sei que era neles que se acendia
o sol
ou se agitava a superfície dos lagos
do jardim com lagos a que me levavam de mãos dadas
as raparigas lá de casa
que tinham namorados e com eles
traíam
a nossa indefinível cumplicidade

eu perdoava sempre e ainda agora perdoo
às raparigas lá de casa
porque sabia e sei que apenas o faziam
por ser esse o lado mau de sua inexplicável bondade
o vício da virtude da sua imensa ternura
da ternura inefável do meu primeiro amor
do meu amor pelas raparigas lá de casa

Habitação das Chuvas (1997)



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