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lunes, 19 de noviembre de 2012

MILAN JORDJEVIĆ [8595]


Milan Djordjevic


MILAN JORDJEVIĆ (Belgrado, Serbia 1954)
En los poemas de MILAN JORDJEVIĆ coexisten surrealismo y realidad, la imaginación y la autobiografía, entre la influencia visible de los eslovénios Zajc Dane y Tomaz Salamun, así como alusiones a Walt Whitman y Frank O'Hara. 
Hijo de madre comunista, hija rebelde de una familia de clase alta arquitecto yugoslavo y su padre, anti-comunista, Milán estudió en una escuela de arte hacerse pintor pero con el tiempo se convirtió en uno de los poetas contemporáneos más respetados de Serbia. Un grave accidente (atropellado en un paso de peatones en Belgrado en 2007), lo dejó en coma durante semanas, pero después de un largo período de rehabilitación volvió a escribir poemas donde aún la oscuridad es más evidente. 







GRANDE Y PEQUEÑO 

Para Anne-Lise Gautier 

El poeta Bashô nos enseña que las más célebres 
y sangrientas campañas militares se quedan en nada 
mientras que el salto de una rana puede perdurar durante siglos. 

Llegan nubarrones de lluvia desde el Atlántico. 
El sol volverá a salir, pero ahora, en Saint-Nazaire 
el granizo cae del cielo como un arroz oscuro. 

Los poetas son a menudo criaturas sin argumentos, 
tipos que dicen cosas inverosímiles y ridículas, 
charlatanes y locos que se imaginan lo que quieren. 

Y sin embargo, pese a todo, cuchichean milagros, 
meditan sobre asuntos que los demás siquiera sospecharon, 
y entonces sus palabras arden en la oscuridad, resplandecientes. 

El poeta japonés Bashô me enseña 
que lo cercano puede estar terriblemente distante y que un viaje 
a un lejano lugar nos acerca más a nosotros mismos. 

Sobre el Atlántico el cielo se oscureció 
y el granizo cayó aún un rato, pero ahora brilla la ciudad 
con los rayos del sol bajo un cielo claro. 

[Versión al castellano: Jesús Jiménez Domínguez]



Poemas de MILAN JORDJEVIĆ traducidos al portugués:








GRANDE E PEQUENO

para Anne-Lise Gautier

O poeta Bashô ensina que os famosos feitos
dos lideres militares ensanguentados dão em nada
enquanto o pulo de uma rã pode durar séculos.

Nuvens negras e chuva chegam desde o Atlântico.
O sol saira mas agora, sobre Saint-Nazaire
Grãos de gelo caem do céu como arroz escuro.

Os poetas são criaturas quase sempre sem conteúdo,
homens que dizem coisas tontas e inverosímeis,
loucos e faladores que imaginam o que lhes apraz.

E no entanto, no entanto, sussurram acerca de milagres,
discorrem sobre o que os outros nem sequer suspeitam,
de modo que suas palavras ardem na escuridão, fosforescendo.

O poeta japonês Bashô ensina-me
que o que está perto pode ser assustadoramente distante e que uma jornada
para um lugar longínquo traz-nos para mais próximo de nós próprios.

Sobre o Atlântico, o céu escureceu,
o granizo caiu ainda há momentos, e agora a cidade brilha
nos raios de sol sob o céu claro.





PÃO

Tem a forma da bondade.
Quão pacientemente aguarda
na tábua de madeira.

Com felicidade esperando o rápido veredicto,
uma faca no dorso
ou ser fatiado em pedaços.

O mundo inteiro é um pão.
Morde-o
como se ele fosse o corpo do filho único de Deus.

Vá, avança e fá-lo,
quebra a crosta
e o silêncio cairá.

O silêncio do principio,
Ah, o silêncio ardente
enquanto o mundo acaba.





DOIS POMBOS

Vejo-os pousados no fio eléctrico
negro, estirado sobre a nossa rua.
É um dia sombrio, chuvoso, o céu está cinza.
Vejo-os apertados um contra o outro.
A chuva cai suavemente e molha suas penas.
Eles mal movem as cabeças,
e nunca se entreolham entre si.
É o amor ou o calor o que os mantém unidos?
Estarão protegendo-se dos frios pingos de chuva?
Não faço ideia, apenas reparo
na proximidade de seus corpos
sobre aquele arame negro e espesso,
dois seres plumosos cinza
unidos numa única pergunta.
Quando a seguir me acontece olhar para fora,
vejo o arame vazio,
como se de repente ambos tivessem levantado asas,
deus sabe para onde e porquê.





NUVENS BRANCAS

Nuvens da Toscânia, nuvens da Úmbria.
Pálidas nuvens brancas pintadas por
Piero della Francesca e Bellini.

Nuvens que passam no céu claro
enquanto como todos os outros
eu navego para a minha morte,

animem-me com a vossa brancura,
rompam o meu silêncio com o vosso trovão,
despertem meu sangue com a vossa chuva,

para que eu possa ver claramente o passado escuro,
o ruidoso presente, o mudo futuro
num abismo sem cume nem fundo.


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