António Gedeão
António Gedeão (seudónimo de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho; Lisboa, 24 de noviembre de 1906 - Lisboa, 19 de febrero de 1997) fue un poeta, ensayista y dramaturgo portugués, que también publicó diversas obras científicas. Sus poesías más conocidas son Pedra Filosofal (Piedra filosofal) y Lágrima de Preta (Lágrima de negra).
Bajo su nombre auténtico, Rómulo de Carvalho, trabajaba como catedrático y profesor de Química e Historia de la ciencia, publicando algunas obras de divulgación científica. Fue miembro de la Academia de las Ciencias de Lisboa y director del museo Maynense de dicha Academia.
Bibliografía
Poesía
1956 - Movimento Perpétuo
1958 - Teatro do Mundo
1959 - Declaração de Amor
1961 - Máquina de Fogo
1964 - Poesias Completas
1967 - Linhas de Força
1980 - Soneto
1982 - Poema para Galileu
1984 - Poemas Póstumos
1985 - Poemas dos textos
1990 - Novos Poemas Póstumos
Ficción
1973 - A poltrona e outras novelas
Teatro
1978 - RTX 78/24
1981 - História Breve da Lua
Ensayo
1965 - O Sentimento Científico em Bocage
1975 - Ay Flores, Ay flores do verde pino
Divulgación científica y Pedagogía
1950 - Regras de notação e nomenclatura química
1952 - Considerações sobre o ensino elementar da Física
1953 - Compêndio de Química para o 3º Ciclo
1957 - Experiências escolares sobre tensão superficial dos líquidos e sobre lâminas da solução de sabão
1957 - Guias de trabalhos práticos de Química
1959 - Acerca do número de imagens dadas pelos espelhos planos inclinados entre si
1959 - A física como objecto de ensino
1959 - Problemas de Física para o 3º Ciclo do Ensino Liceal, I volume
1961 - Considerações sobre o princípio de Arquimedes
1962 - Novas maneiras de trabalhar com os tubos de Torricelli
1962 - Novo sistema de unidades físicas
1963 - Novo dispositivo para o estudo experimental das leis de reflexão da luz
1963 - Sobre os compêndios universitários exigidos pela Reforma Pombalina
1964 - O ensino elementar da Cinemática por meio de gráficos
1964 - Teoria e prática da ponte de Wheatstone
1965 - La formation du professeur de physique
1974 - Ciências da Natureza
Fragmento del poema Piedra Filosofal de António Gedeão,
In Movimento perpétuo, 1956. Coimbra: Of. Atlântida
Ellos no saben que el sueño es una constante de la vida,
tan concreta y definida como cualquier otra cosa, [...]
No saben, ni sueñan, que el sueño dirige la vida.
Que siempre que un hombre sueña el mundo da un bote
y avanza como una pelota de colores entre las manos de un niño.
As árvores
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.
Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.
As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.
Obra Poética, Lisboa, edições JSC, 2001
GOTA DE ÁGUA
Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu.
(Movimento perpétuo)
MÁQUINA DO MUNDO
O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
(máquina do fogo)
Desencontro
Que língua estrangeira é esta
que me roça a flor do ouvido,
um vozear sem sentido
que nenhum sentido empresta?
Sussurro de vago tom,
reminiscência de esfinge,
voz que se julga, ou se finge
sentindo, e é apenas som.
Contracenamos por gestos,
por sorrisos, por olhares,
rodeios protocolares,
cumprimentos indigestos,
firmes aperto de mão,
passeio de braço dado,
mas por som articulado,
por palavras, isso não.
Antes morrer atolado
na mais negra solidão.
Lição sobre a água
Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.
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