miércoles, 5 de junio de 2013

JOAO MIGUEL FERNANDES JORGE [10.048]


João Miguel Fernandes Jorge
João Miguel Fernandes Jorge (Bombarral, Portugal 1943), es un escritor y poeta portugués 
Licenciado en Historia y Filosofía.

Obra:

Uma Exposição. (Conjunto de poemas e fotografias) obra em parceria com Jorge Molder e Joaquim Manuel Magalhães
A Flor da Rosa - 2000
A Gravata Ensanguentada - cop. 2006





LA LENGUA PORTUGUESA ES UN PRODUCTO DINÁSTICO

Nos encontramos ese verano en Alcobaça. “En el
brazo sur del transepto”, le dije por carta. Cuando
llegué al túmulo de D. Pedro lo vi precisamente
en el lado norte, junto al túmulo de Inés, cifrando el

misterio de la esencia y de los arquetipos de la teología
negativa en la figuración de los seres híbridos a que se
asocia el castigo de sus asesinos. Sabía que tales serían
los pasos que seguiría dentro del monasterio. Justo los opuestos

a los míos, que siempre entro por la nave lateral sur para
detenerme en la iconografía de San Bartolomé, patrón
de los epilépticos y de los poseídos de tartamudez como el
rey Pedro. Pero Gusmão prefería los muertos

saliendo de las arcas tumulares. Ese fin de agosto
él vino de Évora de Alcobaça y de los confines del término
de Óbidos. Los días del pasado frente a nosotros bajo
la gran nave. Alguien dejó encendida una mínima vela,

ennegrecida de luz, sobre las losas de la Casa del Capítulo.
Una sombra desciende de aquellas vidas sobre otras vidas de
amor futuro. Es casi lo mismo, conversar con los siglos
pasados y viajar: la carretera, entre dunas y pinares,
                                         desemboca en el mar.





EL HALCÓN DE BRONCE

Ahora
me elevas a los límites de tu vuelo
sobre el abismo dorado del mar
por montañas y oscuros valles de
ruina
suspendes el vuelo junto a la noche
donde el agua de un río dilacera el clamor
de la naturaleza.
Ahora
debo ocultarme en la sombra
y ser para siempre tu cazador.
La casa está vacía.
Llévame a las desiertas rocas, halcón – agua
                                      de la vida.


(De Sobre mármore; traducción: Luis María Marina)







No Dia que para Sempre Separámos do Corpo

No dia que para sempre separámos do corpo, 
havia nesse dia sobre o livro de gravuras 
um insecto com os breves sinais de uma aranha. 

Esperávamos um recado que se fez esperar e 
tinha as mãos no rosto e fora meu. 
A medo a dor para onde não sei bem levava a dor 
o rosto. 

Havia tudo um pouco misturado. Antigas cartas 
velhos poemas. 
Até do outro lado da janela víamos tristes 
tristes rapazes jogando a bola, 

corpo jogado sob o vento de abril e o de 
março. 

Dentro do quadro via a camisola de lã branca 
e o que de loiro havia do recente sol 
via a dor o recado desejado no negro azul 
das aves. 

Sobre o céu, o mar, esse tinha-lo agora nos novos 
olhos. 

in "Continentes e Desertos"






Acto ou qualquer outra Coisa

Acto ou qualquer outra coisa. Eu sei, aquela mulher 
tão tranquila 
vendo da janela do quarto o porto 
vendo dos barcos o fumo rente aos mastros 
eu sei 

essa mulher bem podia ter o nome quando 
por detrás da janela observa 
outras coisas que não são barcos e mastros. 

Talvez os homenzinhos de azul despertem seus desejos 
ou só o azul desbotado, mas não 
não nessa janela nesse porto de cidade que não sei 
e ela sabe 

envolta no vestido, ruivo o cabelo, 
envolta nas madeiras da portada. 
O chão deve ranger sob os seus pés. 

 in "Continentes e Desertos"






Reduzir a Dependência das Coisas

Tudo consiste em reduzir a dependência das coisas. 
Partes amanhã. Não mais nos veremos. Um pouco o 
desertor a cada passagem da nossa alma ou 
quem espera para morrer. 

A aquisição de todos estes bens 
as espécies de tristeza são o que 
acompanha quem espera — quais as pretendidas 
vantagens? a juventude ou o mar? 

Que te importa o que posso ou não fazer? Se 
estamos tão perto quando nas ruas cruzamos e dizemos 
o herói de toda a circunstância — a tua vida 
precede a minha a tua morte ao abrigo das paixões 
mas nada disto é dito 
animal que repousa sob o erro. 

Pela última vez 
põe os teus sapatos novos 
tão contrários à fonte dos actos e à moral 
e vem, mesmo que tenhas andado para lá do som, 
lavadinho, para que eu possa passar a minha mão 
pelo pêlo 
pelo pêlo lugar também do saber e de toda a possessão. 

in "Direito de Mentir"






Como Podemos Esperar

Como podemos esperar. 
Aguardar o que nossas mãos possam reter. 
Uma palavra. O olhar cúmplice. Se as coisas 
têm já o estado do vento 
o que nas ruas fica das vozes ao fim do dia. 

Aguardar mais aguardar nada 
quanto mais se repete uma palavra 
«estou sentado virado para a parede desta casa» 
baixo, mais baixo ainda, 
«estou sentado virado para a parede desta casa». 

Fazer que não haja sucedido o sucedido. 
O prazer de sentir chegar as coisas 
o riso sob a chuva 
o frio que faz. Aqui 

como podemos esperar uma noite de lua e vento? 

 in "Direito de Mentir"










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