Luis Amorim de Sousa
Poeta, traductor
Luís Amorim de Sousa, poeta y escritor, nació en Angola en 1937. Después de una infancia en Lisboa vivió en Mozambique y, durante la mayor parte de su vida adulta, en Londres y Washington DC. Vive actualmente en Portugal.
Bibliografia en Português
-Às Sete no Sa Tortuga, 2010 Assírio & Alvim
-Colecção Alberto de Lacerda - Um Olhar, 2009 Assírio & Alvim
-Bellini e Pablo Também, 2007 Assírio & Alvim
-Londres e Companhia, 2005 Assírio & Alvim
-Ultramarino, 2005 INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda
-O Verbo Trafalgar, 2002 INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda
-O Pico da Micaia, 1997 Assírio & Alvim
-Crónica dos Dias Tesos, 1996 Assírio & Alvim
JANELAS VERDES (fragmento)
Para Alberto de Lacerda
Intacta bajo el sol de tantos hombres
Jorge Guillén
heme también delante de este muelle
hoy con decepcionante falta de actividad operario-marítima
en esta tórrida tarde de julio
en un sábado sin sol pese al calor
lo contemplo desde la cima de este jardín suspendido
urbanamente a la espera
de la hora de apertura del museo
y me pongo a pensar en los versos
y los muchos sueños que ha inspirado
viajes
cartas
comercio
vidas en estado de planificación
y mi vida so far
hasta la fecha
tan lejos
pasado ya il mezzo del camin
continuamente a la espera de verme llegar un día
mi Lisboa demorada
mi isla
mi ciudad clara de bruces sobre el río
mi ciudad de otros
Ítaca
mi Londres
………………………………………..
¿cómo hacerte mía?
¿en qué lengua te invoco?
¿cómo reclamar tu mapa?
¿tu declive?
¿tu ayer?
¿dónde en concreto la sombra de mis pasos?
¿en qué latido de mi sangre siento
el bogar de remos en tu río?
¿cómo respirar tu verde?
¿dónde esta brisa leve?
¿de qué ciudad hablo?
¿dónde he estado?
(De Oceanografía, Imprensa Nacional, Lisboa, 1984)
Traducción: Luis María Marina
The Bunting Variations
figos pingo-de-mel rainhas cláudias
e uma cabaça de vinho tinto da venda
pão de centeio também e uma mão cheia
de azeitonas miúdas e alhos bravos
é tudo quanto posso pôr na mesa
se por aqui passares ó caminheiro
na lareira há caruma e pinhas secas
que as minhas noites são frias e frugais
oiço lá fora o vento em seu vai-vém
mas nenhum galho estala nos caminhos
que direcção tomaste ó caminheiro
ó tu dos membros pesados?
baladas o meu mester
pelo meu escárnio
um cangirão de vinho
pelo melhor de mim
irrequietas coxas entre lençóis lavados
palmilhei estradas sem conta
e nem caudal de rio
nem escarpa de barranco
ensarilharam meus passos
de estação a estação
decoro novas toadas
e de novo muralhas
cúpulas altas terraços
e a mancha verde-escura dos loureiros
por cada passo uma sílaba
sol ó meu mestre
que recompensa a minha?
do alto da muralha da cidade
olho o estendal
deste nosso mercado
cabazes transbordantes de cerejas
ameixas uvas romãs
medidas rasas de pinhões pevides
serapilheiras abertas sobre a areia
aves em pânico
atadas
por um cordel
mulheres acocoradas
espevitam fogareiros
moedas empilhadas num tijolo
garantem a demasia
para a compra dum leitão
peças de linho
a sombra dos eucaliptos
frituras polvilhadas de canela
ramos de hortênsias e molhos de agriões
salpicados com água dum alguidar de enguias
e bilhas
barros
arquétipas figuras
as cores da hortênsia
da ameixa
da romã
sentado na muralha da cidade
talho uma flauta de cana
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